Olá, pessoal!
Já falei um pouco aqui no blog sobre a crise que vive a Confederação Brasileira de Basketball. A CBB passa por sérios problemas financeiros, estando suspensa de competições internacionais até, no mínimo, o mês de maio deste ano. Sem disputar tais competições, os clubes e as seleções do país acabam sofrendo prejuízos técnicos e financeiros.
Um outro ponto, pouco pensado quando falamos do pandemônio pelo qual passa o basquete nacional, é a mancha que fica na história de uma modalidade bicampeã mundial. A formação das novas gerações depende, ainda que indiretamente, da existência de ídolos. E cai entre nós que é muito mais gratificante para o esporte nacional quando estes ídolos nascem aqui. Ídolos, porém, se formam através de histórias incríveis como a que contarei hoje.
Quando se fala em basquete brasileiro são duas as figuras que vêm a mente da grande maioria das pessoas: Oscar Schmidt, que é recordista mundial em pontos na história da esporte da bola laranja (49.737 pontos) e a rainha Hortência, que ostenta a marca de maior pontuadora da seleção nacional (3.160 pontos). Apesar do bicampeonato mundial masculino na década de 1960, o basquete por aqui também é lembrado por um momento grandioso da seleção masculina: a medalha de ouro nos jogos Pan-Americanos de 1987, em Indianapolis, EUA.
Oscar e Hortência no lançamento da Nossa Liga de Basquetebol, em 2008.
Fica a promessa de um dia falar dessa Liga por aqui!
O ano era 1987. Quatro anos antes, em Caracas, o Brasil havia perdido a partida final do Pan para a equipe universitária dos EUA. Mesmo com o esporte em plena mudança, com a recente inserção da linha de três pontos, os norte-americanos continuavam com amplo domínio em competições internacionais. A hegemonia era tanta que o time universitário foi novamente convocado para os Jogos Pan-Americanos de 1987, desta vez em casa.
O retrospecto dos estadunidenses era invejável. Nunca haviam perdido uma partida sequer em seu território desde a criação da seleção nacional. Na equipe que foi ao Pan alguns nomes já se destacavam, sobretudo o de David Robinson, que atuaria posteriormente pelo San Antonio Spurs na NBA e no Dream Team das Olimpíadas de 1992 em Barcelona, ao lado de Michael Jordan.
Naquele 23 de agosto de 1987, na Market Square Arena, aproximadamente 16 mil espectadores acompanhavam o jogo crentes em mais uma vitória da seleção da casa. Em uma época onde o esporte ainda era dividido em dois tempos de 20 minutos, o time americano fechou a primeira etapa com uma vantagem de 14 pontos (68 a 54). Vale falar que a vantagem chegou aos 24 em certos períodos da etapa final. Oscar e Marcel, destaques da seleção durante toda a competição, apareciam discretos. Ambos anotaram 11 pontos nos 20 minutos iniciais.
Oscar e Robinson travaram grande duelo no jogo.
O melhor, porém, estava reservado para os 20 minutos derradeiros. A dupla Oscar e Marcel resolveram aparecer no jogo através de um artifício pouco utilizado pelos americanos: as bolas de três pontos. Oscar acertou 6 bolas no tempo, terminando a partida com impressionantes 46 pontos (21 em bolas do perímetro). Marcel, por sua vez, fez 31 pontos no jogo. A dupla anotou 55 pontos na etapa final de jogo, sendo que a seleção terminou a partida com 66 nesta etapa.
O placar final de 120 a 115 (54 a 68) nos mostra como a partida foi aberta, ofensiva e muito disputada. A imagem de Oscar caindo ao chão e chorando após o estouro do cronômetro mostra uma emoção que só o esporte nos proporciona. Arrepia só de pensar!
Essa emoção, esses momentos e tantos outros fazem parte da história do nosso basquete. Estão lá, ninguém tira! E sabe esses personagens da postagem? Eles são ÍDOLOS agora. E por 'culpa' deles muitos de nós começamos a acompanhar, jogar e amar este esporte. Acabar com o surgimento de novos ídolos é acabar com a continuidade uma história, e é triste perceber que o esporte caminha para isso por irresponsabilidade daqueles que nunca sentiram e jamais sentirão emoções com o esporte que amamos.
O time campeão em 1987.
A final do Pan de 87. Os últimos dois minutos valem muito a pena!
Fica a imensa torcida para que momentos como este voltem a nos proporcionar emoções, alegrias e o surgimentos de novos ídolos. E que o basquete brasileiro não morra. Nunca!
Um abraço e até a próxima!